sábado, 11 de dezembro de 2010

Conferência do Clima da ONU aprova pacote de decisões

Aprovação aconteceu apesar de objeção da Bolívia.
Texto detalha 'Fundo Verde' e diz que aquecimento não deve exceder 2ºC.


Patricia Espinosa é aplaudida de pé na reunião final da COP 16.(Foto: Dennis Barbosa/G1)A Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 16), em Cancún, no México, aprovou, na madrugada deste sábado (11) um pacote de decisões sobre ações para enfrentar as causas e efeitos das mudanças climáticas, apesar de a Bolívia ter rejeitado os rascunhos propostos. Entre as principais medidas aprovadas está a criação de um "Fundo Verde", um mecanismo para que os países ricos ajudem financeiramente os mais pobres na luta contra as mudanças climáticas.

A reunião final teve clima muito otimista. "O que a maioria das partes queria era fazer um número substancial de decisões aqui em Cancún, assim como nós, da União Europeia, para salvar todo esse processo, mostrar que ele pode trazer resultados. Acho que vimos isso aqui em Cancún", comemorou a negociadora-chefe do bloco europeu, Connie Heedegard.

"Criou-se o mecanismo de adaptação (dos países em desenvolvimento às mudanças climáticas), o REDD (mecanismo de pagamento por conservação de florestas) está colocado, o comitê do fundo de adaptação foi criado", exemplificou a ministra brasileira do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, ao enfatizar por que considerou a reunião exitosa.


A secretária da ONU para Mudança Climática,
Christiana Figueres, e a presidente da COP 16,
Patricia Espinosa.

O pacote de propostas foi composto ao longo dos últimos dias por grupos de trabalho voltados a questões específicas, e a acolhida foi positiva, em especial por dar novo ânimo às negociações climáticas, um ano após a conturbada conferência de Copenhague (COP 15).

A presidente da COP, a chanceler mexicana Patricia Espinosa foi longamente aplaudida durante a reunião final. A sua decisão de convidar pares de países, sempre um desenvolvido com um em desenvolvimento, para liderar a resolução dos pontos mais complicados das negociações foi elogiada reiteradamente pelas delegações, assim como sua capacidade de diálogo com todas as partes.


A Bolívia apontou que as condições colocadas no texto, segundo parâmetros científicos, podem fazer o clima aumentar em mais 4 graus sua temperatura, o que seria inaceitável. O país se recusou a subscrever o pacote.

Ainda assim, Patricia Espinosa deu como aprovados os textos, com amplo apoio. "O precedente é funesto. Hoje é a Bolivia, amanhã será qualquer país. O que vai ocorrer aqui é um atentado", alertou o negociador boliviano Pablo Solón. "Vamos recorrer a todas as instâncias internacionais", disse. A chanceler mexicana retrucou que "consenso não significa unanimidade".

Como já ficara claro mesmo antes do início da conferência, o "pacote balanceado" aprovado em Cancún não tem caráter vinculante (de cumprimento obrigatório), nem faz com que países assumam novas metas concretas de redução de emissões.

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Ministra do Meio Ambiente dá nota 7,5 ao acordo de CancúnNo entanto, apesar de não ter tanta força, foi muito elogiado como uma peça que pode servir de base para avanços futuros, o que já é um avanço comparado com a estagnação oferecida pelo vago Acordo de Copenhague, aprovado na COP do ano passado.

O texto reconhece a necessidade de "cortes profundos" nas emissões de gases causadores de efeito estufa para evitar que a temperatura aumente mais que 2 graus acima da época pré-industrial.

Financiamento

Uma das partes do pacote retoma o compromisso aberto pelo Acordo de Copenhague, de que os países desenvolvidos financiariam ações de redução de emissões e adaptação às mudanças climáticas nos países em desenvolvimento, no valor de US$ 30 bilhões até 2012. Propõe ainda a formação de um fundo climático de US$ 100 bilhões ao ano até 2020. O Banco Mundial é convidado para ajudar a administrar ambos, pelo menos incialmente.

Protocolo de Kyoto


Antecipadamente já se sabia que um segundo período do Protocolo de Kyoto não será acordado em Cancún, já que o rascunho não prevê isso.

O grupo que negociava a segunda fase de compromisso, liderado por Brasil e Reino Unido, apresentou um texto em que se reafirma a necessidade da renovação do protocolo, ponto que nações como Japão e Canadá antes questionavam, mas sem assumir de fato o acordo. O texto diz que a questão deve ser definida " o mais rápido possível", a tempo de não permitir que os países desenvolvidos fiquem sem metas de redução de emissão de gases-estufa.

Para o negociador-chefe brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, essa saída "dá um novo impulso às negociações para superar esse momento menos positivo". A renovação do protocolo era um ponto defendido pelo Brasil, assim como por todo o G77, grupo dos países em desenvolvimento do qual faz parte. "Quando está num momento ruim de uma negociação, você não a termina. Você adia para dar mais tempo para buscar uma saída melhor", acrescentou.

'Sem sentido'


A discussão sobre a continuidade do acordo era uma das mais acirradas na COP 16. Japão, Canadá e Rússia não queriam sua continuidade. O país asiático declarou não ver sentido num novo período de compromisso sob esse acordo, já que ele não se aplica a China e EUA, os dois maiores emissores de gases-estufa.

Aprovado em 1997, o protocolo é o único instrumento legalmente vinculante (de cumprimento obrigatório), em que países desenvolvidos se comprometem a reduzir suas emissões de gases causadores de efeito estufa. Como ele expira em 2012 e não há um acordo para substituí-lo, discute-se que seja prolongado.

Segundo Figueiredo, o texto preparado em Cancún deixa uma "mensagem clara" de que o Protocolo de Kyoto precisa ser prorrogado o mais rápido possível, para que não haja um período sem metas de redução de emissões de gases estufa.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Brasil avança, mas é só 73º em desenvolvimento humano


O Brasil foi o país que mais avançou no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) preparado pelo Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (PNUD). No documento deste ano, divulgado hoje, o Brasil passa a ocupar a 73ª colocação, desempenho suficiente para que integre o grupo de países de desenvolvimento humano elevado. Apesar do crescimento, o País ainda apresenta traços importantes de desigualdade social.
Na avaliação deste ano, o Brasil obteve quatro pontos a mais em comparação com 2009. O desempenho é significativo, sobretudo diante do cenário de estagnação revelado pelo estudo. Dos 169 países analisados, 116 mantiveram a posição apresentada em 2009 e 27 tiveram desempenho pior. Além do Brasil, somente outros 25 conseguiram melhorar a classificação, de acordo com o relatório.
O IDH analisa indicadores de desempenho de países em três áreas: saúde, educação e rendimento. Este ano, os indicadores e a forma de cálculo para se chegar ao índice mudaram. A escala, no entanto, permanece: varia de 0 a 1. Quanto mais próxima de um, melhor a situação do país. O Brasil alcançou índice 0,699. Noruega, a primeira colocada, chegou a 0,938. O pior indicador foi do Zimbábue: 0,140. Os países são classificados em quatro níveis, de acordo com as notas: desenvolvimento humano muito elevado, elevado, médio e baixo.
A mudança na composição do IDH ocorre no aniversário de 20 anos do relatório. "Os critérios de desenvolvimento humano mudaram, e a ideia foi usar indicadores mais sensíveis a essas mudanças", explica o economista Flávio Comim, do PNUD. A alteração deste ano fez com que índices de vários países, incluindo o Brasil, despencassem em relação ao ano passado. "Mas esses são números que não podem ser comparados. A metodologia é outra, o padrão é outro. É como se estivéssemos usando uma nova régua", compara Comim.
Indicadores nacionais
Para poder fazer um acompanhamento histórico, integrantes do programa calcularam o IDH do Brasil da última década seguindo a nova metodologia. "São esses números que podem ser confrontados. E, por esse aspecto, o Brasil cresceu bastante." O salto do Brasil se deve ao desempenho apresentado nas taxas de expectativa de vida, renda e escolaridade média de pessoas com mais de 25 anos.
A expectativa de vida do brasileiro é de 72,9 anos. A média de anos estudados de pessoas com mais de 25 anos está em 7,2. Já o rendimento nacional bruto é US$ 10.607. "O País cresceu de forma harmônica em várias áreas. Não foi algo pontual", analisa Comim. Para ele, isso é que contribuiu para o desempenho nacional apresentado este ano fosse significativamente maior do que em 2009.
O que ainda amarra a colocação nacional é a qualidade da educação, avaliada pelo novo índice "anos de estudo esperados"', uma espécie de expectativa de vida educacional. Ao longo dos últimos cinco anos, o número de anos escolares esperado caiu de 14,5 para 13,8.
América Latina
Apesar da evolução durante o ano, o Brasil continua a exibir um IDH menor do que a média da América Latina e Caribe, que é de 0,704. A comparação com alguns países vizinhos também é desfavorável. A estimativa é de que um brasileiro viva menos 5,9 anos, tenha média de escolaridade 2,5 anos menor e consuma 28% menos do que uma pessoa nascida no Chile, o 45º no ranking. Outros países também apresentaram classificação melhor: Argentina (46º), Uruguai (52º), Panamá (54º), México (56º), Costa Rica (62º) e Peru (63º).
Ao longo da década, o Brasil apresentou um crescimento médio anual de 0,73% no IDH. Um ritmo considerado muito bom. Mas, entre grupo de países de alto desenvolvimento humano, há exemplos de velocidade significativamente maior. Casaquistão, por exemplo, cresceu 1,51% e Azerbaijão, 1,77%. A Romênia, com ritmo de crescimento de 1,06%, estampa a diferença que tal índice pode provocar. Em 2005, o país dividia com Brasil a mesma colocação. Agora, ele ocupa o 50º lugar no ranking, 22 à frente do Brasil.
Desigualdade social
Na edição deste ano do relatório, o PNUD lançou três índices. Um deles, é o Índice de Desenvolvimento Humano ajustado à Desigualdade (IDHD). Em vez de considerar apenas a média dos indicadores, ele considera também a forma como é feita a distribuição dos recursos na saúde, na educação e no rendimento. Quanto maior a desigualdade, maior a perda que o país apresentaria na classificação geral.
Caso tal índice fosse levado em consideração, o Brasil teria uma classificação 15 posições mais baixas do que a alcançada no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). As desigualdades levariam a uma perda de 27,2% no índice geral. A nota cairia de 0,699 para 0,509.
De acordo com novo indicador, a maior desigualdade no Brasil é registrada no rendimento: a perda provocada pelas diferenças nesta área seria de 37,6%. Em segundo lugar, vem a educação, com perda de 25,7%. O menor impacto foi registrado na área da saúde: 16,5%. Os números do relatório, no entanto, mostram que a desigualdade, embora marcante no Brasil, vem caindo na última década. Caso o IDHD fosse aplicado em 2000, a perda do Brasil seria de 31%. Em 2005, esse índice cairia para 28,5%.
O ranking de desigualdade foi preparado a partir de microdados. Eles permitem uma avaliação mais detalhada, mas têm um inconveniente: nem todos os países têm as informações necessárias. A saída para essa lacuna foi reduzir o número de países analisados. Trinta dos 169 países que participaram do IDH ficaram de fora no IDHD por falta de dados.
O segundo novo índice preparado pelo Programa das Nações Unidas mostra que 8,5% da população brasileira sofre vários reflexos da pobreza de forma simultânea, como deficiências na saúde, educação, dificuldades de acesso a serviços de água e esgoto, eletricidade. É a chamada pobreza multidimensional. "As privações se sobrepõem. A ideia do índice foi verificar a frequência e a intensidade dos problemas vividos pela parcela mais pobre da sociedade", explica Comim.
Pobreza
O Índice de Pobreza Dimensional (IPM), como foi batizado, varia de zero a um. Quanto mais próximo de um, pior a situação do País. Nesta primeira edição, o índice do Brasil foi de 0,039. "Um valor baixo, em termos internacionais", afirma Isabel Pereira, integrante da equipe que preparou o relatório. Níger, por exemplo, tem 0,642. O resultado brasileiro, no entanto, é 2,6 vezes maior do que o mexicano e 3,5 maior do que o argentino.
De acordo com esse novo índice, a maior pobreza encontra-se na área da educação: 20,2% das famílias trazem privações nessa área. Em segundo lugar, vem a saúde: 5,2%. O padrão de vida vem em último lugar, com 2,8%.
O terceiro índice preparado pelo PNUD avalia a desigualdade de gênero (IDG). A desigualdade apresentada nesta área também levaria o Brasil a cair na classificação geral. Em vez do 73º lugar, ele passaria a ocupar o 80º. A nova ferramenta do PNUD para avaliar a desigualdade é feita a partir de cinco indicadores, distribuídos em três dimensões: saúde reprodutiva, "empoderamento" (capacidade das pessoas tomarem decisões por conta própria) e mercado de trabalho. Desses quesitos, taxa de mortalidade materna e fertilidade na adolescência são os que mais pesam para a queda de classificação no Brasil. Em seguida, vem a participação política.
Os índices mostram que 110 mulheres a cada 100 mil nascidos vivos morrem em decorrência de complicações do parto. Um índice 18 vezes maior do que o primeiro colocado no Índice de Desigualdade de Gênero, os Países Baixos, com 6 mortes. A enorme diferença se repete nas taxas de fertilidade entre adolescentes. A cada 100 mil mulheres com idade entre 15 e 19 anos, 75,6 engravidam no Brasil. Número 19,8 vezes maior do que o registrado nos Países Baixos, de 3,8.
Em um único aspecto o Brasil mostra desigualdade a favor das mulheres: a taxa de escolaridade. "Há um porcentual maior de mulheres que completaram o ensino secundário. Mas isso não se reflete na taxa de participação de força laboral", afirma Comim.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Preliminar do Censo 2010 contabiliza mais de 185 milhões de habitantes

RIO - A população brasileira chegou a 185.712.713 pessoas, segundo os resultados preliminares do Censo 2010, divulgados na manhã desta quinta-feira, 4. Segundo a assessoria do IBGE, o trabalho de análise dos dados prossegue e esse resultado ainda deverá ser revisado nos próximos dias. A coleta do Censo foi realizada entre 1º de agosto e 31 de outubro.

De acordo com o instituto, a população de cada município será publicada, também hoje, no Diário Oficial da União. Esses resultados serão apresentados às prefeituras por meio de ofício do IBGE e em reuniões das Comissões Censitárias Estaduais (CCE) e das Comissões Municipais de Geografia e Estatística (CMGE). A partir de hoje, as prefeituras terão 20 dias para apresentar suas avaliações sobre os números divulgados e, no dia 29 de novembro, o IBGE divulgará os resultados das populações dos municípios.

Segundo a nota, 'durante esse prazo, o IBGE continuará com suas equipes nas ruas e trabalhando internamente na supervisão e no controle de qualidade de todo o material coletado e para prestar os devidos esclarecimentos, quando necessários, aos integrantes das CCE e CMGE e às prefeituras. Uma das atividades de supervisão consiste no retorno aos domicílios onde o recenseador encontrou evidência de morador, mas ninguém foi recenseado. Para agendar a entrevista, a população pode até o dia 24 ligar gratuitamente para 0800-7218181 ou enviar formulário através do site do Censo 2010.

De acordo com a nota, iniciado em 1º de agosto de 2010, o 12º Censo Demográfico brasileiro percorreu nos últimos três meses, os 8.514.876,599 km² do território nacional, nos 5.565 municípios brasileiros. Através do trabalho de 191 mil recenseadores, entre outros profissionais, o Censo Demográfico levantou informações sobre todos os 5.565 municípios brasileiros e, para alguns quesitos, trará dados até mesmo para bairros e distritos. O Censo investiga as características dos domicílios, as relações de parentesco, fecundidade, educação, trabalho, renda, cor e raça e religião.

De acordo com o Censo, São Paulo continua sendo o Estado brasileiro mais populoso, com 39.924.091 de habitantes. Minas Gerais e Rio de Janeiro vêm em seguida, com 19.159.260 e 15.180.636 pessoas, respectivamente.

Brasil ocupa 73ª posição entre 169 países no IDH 2010

Relatório aponta educação de baixa qualidade como principal problema.
A partir deste ano, IDH foi feito com base em novos cálculos e variáveis.
Do G1, em Brasília

imprimir O relatório do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para 2010, divulgado nesta quinta-feira (4), mostra o Brasil na 73ª posição entre 169 países. Os cinco primeiros colocados são, pela ordem, Noruega, Austrália Nova Zelândia, Estados Unidos e Irlanda. O cinco últimos são Zimbábue, República Democrática do Congo, Níger, Mali e Burkina Faso.

Como neste ano o IDH sofreu mudanças metodológicas, não é possível comparar a posição do Brasil com as de anos anteriores.

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Brasil é o 11º no ranking do IDH da América Latina. Mas, para se obter uma base de comparação, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) recalculou os dados brasileiros dos últimos dez anos com base na nova metodologia.

Por esse recálculo, o Brasil ganharia quatro posições e registraria crescimento de 0,8% no índice. Em 2010, com a nova metodologia, o IDH brasileiro foi de 0,699, numa escala de 0 a 1. Em 2009, com a metodologia antiga, o Brasil ocupava a 75ª posição no ranking, com IDH de 0,813.

Segundo o relatório deste ano, o IDH do Brasil apresenta "tendência de crescimento sustentado ao longo dos anos".

Mesmo com a adoção da nova metodologia, o Brasil continua situado entre os países de alto desenvolvimento humano, como em 2009.

De acordo com o relatório, o rendimento anual dos brasileiros é de US$ 10.607, e a expectativa de vida, de 72,9 anos. A escolaridade é de 7,2 anos de estudo, e a expectativa de vida escolar é de 13,8 anos.

De acordo com o economista Flávio Comim, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no novo IDH "o Brasil continua na sua trajetória, que é uma trajetória muito harmônica, ou seja, o IDH brasileiro vem crescendo igualmente nas três dimensões [saúde, educação e renda]".

O relatório destaca o "sucesso econômico recente" do Brasil, que desafiou "a ortodoxia do Consenso de Washington", um receituário de medidas liberais no campo econômico. Também são feitas referências positivas aos programas de distribuição de renda brasileiros.

De acordo com o relatório, 8,5% dos brasileiros são pobres e "sofrem privação" em saúde, educação e renda. Destes, o principal item, segundo o relatório, é a educação. "O que mais pesa na pobreza é a educação. O novo IDH mostra que é necessário dar mais importância à educação no Brasil", disse Comim.

Educação
Segundo Comim, o novo IDH é mais exigente quando se trata de educação. "Foram introduzidas novas variáveis, uma nova fórmula de cálculo, e, dentro dessa nova fórmula, um padrão mais alto sobre o sistema educacional e a qualidade desse sistema", explicou o economista.

"Então, não basta mais colocar as crianças e os jovens na escola. Agora, eles têm que estar na série adequada, na série que se espera que eles estejam para que você consiga dar a eles uma oportunidade igual", disse Comim. Segundo ele, "o desafio para o Brasil evoluir ficou maior".

"Com o novo IDH, você tem novos critérios, e é dentro desses novos critérios, que são mais qualitativos, que nós [o Brasil] devemos ser julgados. À medida que você levanta esses novos critérios, a ambição de ter um sistema educacional melhor, um sistema educacional mais justo, fica mais evidente do que era antes. Antigamente, nós tínhamos apenas taxa de matrícula e alfabetização. Hoje, temos um modelo dentro do qual nós estamos esperando que as pessoas estudem mais e com qualidade melhor, e é isso que está sendo refletido no novo IDH", explicou Comim.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Brasil está mudando mais rapidamente do que se imagina

imprimir O Censo 2010 ainda não acabou, mas já é possível tirar algumas conclusões sobre o que foi pesquisado. Os dados preliminares mostram que o Brasil está mudando mais rapidamente do que se imagina. E mais cedo do que se imaginava o país vai parar de crescer, a população vai se estabilizar. Isso cria vários desafios para as políticas públicas.

O prazo em que a população ainda está crescendo, ainda é jovem, é chamado de “bônus demográfico”. Nesse momento, há muita gente no auge da capacidade de aprendizado, no auge da capacidade produtiva. Um país com essas características pode dar um salto econômico importante, desde que eduque a população.

Se não educar, a população envelhece antes de enriquecer. Nenhum país no mundo enriqueceu sem educar sua população. Esse é o momento. Está ficando mais próximo de nós o momento que o Brasil vai parar de crescer.

Há outros desafios e oportunidades. É hora de ouvir os dados para orientar as políticas públicas.

sábado, 23 de outubro de 2010

G20 faz acordo sobre política monetária e reforma do FMI

GYEONGJU, Coreia do Sul (Reuters) - Os países que compõem o G20 chegaram a um acordo no sábado para deter as desvalorizações competitivas de moedas, embora não tenham conseguido um consenso sobre uma linguagem mais firme que poderia ter estimulado o dólar.

Durante uma reunião na Coreia do Sul, a crescente influência das grandes nações emergentes foi reconhecida em um surpreendente pacto para dar-lhes maior participação no Fundo Monetário Internacional (FMI).

Os esforços dos Estados Unidos para limitar os atuais desequilíbrios das contas correntes a 4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), uma medida que apontava diretamente ao superávit da China, encontraram resistência em várias nações.

Os membros do G20 se comprometeram em um comunicado a "regular as desvalorizações competitivas de suas moedas", enquanto as nações em desenvolvimento prometeram reduzir seus déficits orçamentários ao longo do tempo e tomar ações para controlar os desequilíbrios das contas correntes.

"Para que o mundo possa crescer a um ritmo forte e sólido no futuro... precisamos trabalhar para conquistar um maior equilíbrio no caminho da expansão global enquanto nos recuperamos da crise", disse o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner.

As propostas dos Estados Unidos para regular os desequilíbrios das contas correntes acontecem enquanto Pequim acumulou 2,65 trilhões de dólares em reservas de moeda oficial como consequência de seu enorme superávit comercial, o que levou a Câmara dos Deputados norte-americana a aprovar uma lei que ameaça retaliações a menos que a China permita o fortalecimento de sua moeda.

Autoridades chinesas não fizeram comentários sobre a disputa, mas uma fonte do G20 disse que Pequim era contra qualquer comunicado que comprometesse explicitamente os países a limitar seus balanços de conta corrente ou com qualquer outro regulamento sobre política monetária.

As tensões que no encontro levaram Japão e China a rebater as propostas norte-americanas continuaram até depois do fim da cúpula.

A Alemanha disse que havia críticas à política norte-americana de injetar dinheiro no sistema bancário que terminou chegando a economias emergentes como o Brasil, causando bolhas nos preços dos ativos.

"Tentei deixar claro em minha contribuição a discussão que considero (o relaxamento) uma forma errada de atuar", disse o ministro alemão de Economia, Rainer Bruederle.

"Um excessivo e permanente incremento no dinheiro (injeção de fundos) é, sob meu ponto de vista, uma manipulação indireta da taxa (de câmbio)", afirmou.

Contudo, a Coreia do Sul foi mais otimista sobre o resultado da reunião e disse que o G20 estava ajudando a acabar com a incerteza dos mercados.

"Isso terminará com a controvérsia pela taxa de câmbio", afirmou o ministro sul-coreano de Finanças, Yoon Jeung-hyun.

MAIS PARTICIPAÇÃO NO FMI

O acordo de reforma do FMI foi descrito como um momento "histórico" pelo diretor-gerente do fundo, Dominique Strauss-Kahn, o que levará aos europeus entregar duas vagas no conselho de direção e 6 por cento a mais de poder de votação às nações emergentes.

"Esta é a maior reforma já realizada na direção da instituição", afirmou a jornalistas Strauss-Kahn, quem está no comando do organismo de 187 países.

O acordo transformará a China no terceiro integrante mais poderoso do FMI, superando potências tradicionais como Alemanha, França e Itália. A Índia passará do 11o ao oitavo lugar.

"Nossa demanda era de que a cota de participação deveria refletir a realidade e as fortalezas econômicas atuais, (caso contrário) teria danificado a credibilidade da instituição. Isso está sendo corrigido agora", disse o ministro de Finanças indiano, Pranab Mukherjee.

O G20 decidiu há um ano entregar ao menos 5 por cento dos direitos de votação a nações em desenvolvimento como Índia e Brasil, cujo peso dentro do FMI não estava de acordo com seu ritmo de desenvolvimento.

domingo, 10 de outubro de 2010

Mundo festeja o 10/10/10, 'Dia das Soluções Climáticas'

NOVA YORK, EUA (AFP) - Milhares de pessoas em todo o mundo participaram neste domingo do "Dia Internacional das Soluções Climáticas", deixando de sair de carro, recolhendo lixo e plantando árvores, para sensibilizar o planeta contra o efeito estufa.

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Batizado "10/10/10", já que acontece no dia 10 de outubro de 2010, este evento organizado pela ONG 350.org pretende ser o dia mais longo de ações cívicas em defesa do clima, mediante 7.347 manifestações anunciadas em 188 países.

"Os únicos países que não participam são Guiné Equatorial, San Marino e Coreia do Norte. Trata-se, em conseqüência, do dia de ações em defesa do meio ambiente mais seguido no mundo", declarou o fundador da 350.org, Bill McKibben.

"Que eu saiba, é o dia de compromisso cívico que envolve o maior número de países na história do planeta", afirmou à AFP, entrevistado por telefone em Washington.

O "Dia Internacional de Soluções Climáticas" teve início na Austrália e na Nova Zelândia, e depois de prolongou pelo continente asiático, antes de chegar à Europa, África e América.

Em Paris, uma multidão invadiu a Praça do Hotel de Ville para assistir a um show gratuito, enquanto que em Lisboa uma associação ecológica convocou uma concentração de ciclistas para formar o número 350 às margens do Tejo.

O número "350" é uma alusão à concentração de CO2 na atmosfera: 350 partes por milhão (ppm), uma quantidade que não se pode ultrapassar para evitar uma alta incontrolável da temperatura, segundo alguns cientistas.

Na África, entre 150 e 200 pessoas se manifestaram no mercado de Muthurwa, um bairro pobre de Nairóbi.

Na Ásia foram realizadas ações em diferentes partes do continente.

Em Pequim, centenas de pessoas desfilaram pelas ruas recolhendo lixo, indicou Christian Teriete, da associação Global Campaign for Climate Action. Mais de 30.000 estudantes de 200 universidades lançaram um programa nacional, pedindo para agir de maneira prática contra a mudança climática, principalmente recolhendo lixo.

Em Manila, milhares de pessoas participaram numa corrida destinada a chamar a atenção sobre o rio Pasig, muito contaminado.

Na Austrália foram realizados programas para promover o uso de bicicletas, plantar árvores, compartilhar dicas de jardinagem biológica e ouvir conferências sobre a redução das emissões de gás de efeito estufa.

No Brasil, o Festival SWU Music and Arts, que acontece no interior de São Paulo, promove o "Fórum Global de Sustentabilidade" para debater com o público soluções para tornar o mundo mais sustentável.

Em Nova York, os voluntários da organização "NYC coolroofs" (telhados frescos da cidade de Nova York) se dedicaram a pintar de branco os telhados da cidade, tradicionalmente negros, uma cor que favorece a absorção dos raios solares e que faz moradias se aquecerem muito e usarem mais ar condicionado nos meses quentes.

Em todos os Estados Unidos foram realizadas ações como plantar arvores e recolher lixo, passando por reuniões de conscientização organizadas por grupos ambientalistas.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Dirigente da ONU quer mostrar que acordo climático é possível

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TIANJIN, China (Reuters) - A principal autoridade da ONU para questões climáticas pediu nesta segunda-feira que os governos deem passos concretos pela adoção de um novo tratado contra o aquecimento global, sob risco de pôr em dúvida todo o processo de negociação.

Representantes dos governos nacionais estão reunidos na cidade portuária chinesa de Tianjin para mais uma rodada de discussões sobre um documento que substitua o Protocolo de Kyoto, que expira ao final de 2012.

As negociações têm esbarrado nas desconfianças entre países ricos e pobres, nas exigências de maior transparência a respeito das metas de redução das emissões de poluentes e nas discordâncias sobre o tamanho dos cortes oferecidos pelas nações desenvolvidas.

Uma tentativa de resolver o impasse na conferência climática de 2009, em Copenhague, terminou em fracasso, e pouca gente espera um resultado diferente da cúpula de novembro deste ano, em Cancún (México). A maior expectativa agora é que o novo tratado seja aprovado no ano que vem na África do Sul.

"Agora é a hora de acelerar a busca por um terreno comum", disse Christiana Figueres, secretária-executiva da Convenção Quadro da ONU para a Mudança Climática, aos delegados de quase 180 países reunidos na sessão de abertura da reunião de Tianjin, que vai até sábado.

"Um resultado concreto em Cancún é crucialmente necessário para restaurar a fé e a capacidade das partes para levar o processo adiante, para evitar que o multilateralismo seja percebido como uma estrada que nunca termina", afirmou ela em seu discurso.

O evento de Tianjin é a última reunião de trabalho importante antes da conferência de Cancún, que começa em 29 de novembro.

"Esta semana será, até certo ponto, um indicativo de até onde poderemos ir", disse o negociador dos EUA em Tianjin, Jonathan Pershing, à Reuters.

"Atualmente parece que a diferença é bastante grande, mas há esperança de chegar a um consenso em torno de algumas questões", declarou o negociador chinês Xie Zhenhua a jornalistas.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Após 30 anos, China mantém política do filho único


A China vai manter a política de apenas um filho por família nas próximas décadas, informou hoje a imprensa estatal. O país tem a população mais numerosa do mundo, de cerca de 1,3 bilhão de pessoas, e alega que seu programa de planejamento familiar já evitou o nascimento de mais de 400 milhões de habitantes nos últimos 30 anos, quando foi criado.

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O jornal China Daily citou nesta segunda-feira Li Bin, diretora da Comissão de População Nacional e Planificação Familiar, dizendo que não havia planos para mudar a política a curto prazo. "A mudança histórica não chega facilmente, e eu, em nome da comissão, envio nosso profundo agradecimento a todos, ao povo em particular, por seu apoio ao programa nacional", disse Li, entrevistada no sábado em um ato para festejar as três décadas da política do filho único. "Por isso, manteremos em vigor a política de planejamento familiar nas próximas décadas."

Recentemente, havia especulações entre a imprensa chinesa e pesquisadores em demografia de que o governo poderia reavaliar essa política, permitindo que os casais tivessem ao menos dois filhos. Hoje, as regras estritas de planejamento familiar permitem que os casais de áreas urbanas tenham apenas um filho. Nas áreas rurais, é permitido ter dois filhos. No entanto, o governo chinês defende que essa política conseguiu romper uma traço cultural de preferência por famílias grandes, que levou muitas pessoas aos ciclos de pobreza.

Por outro lado, o programa cria novos problemas, como o aumento do número de idosos e uma forte redução no nascimento das meninas. Muitos casais decidem abortar as meninas, esperando ter um menino que possa ajudar no sustento da família no futuro. Além disso, os demógrafos avaliam que a população idosa cresce e será cada vez mais difícil mantê-la, porque a força de trabalho começará também a diminuir nos próximos anos.

sábado, 25 de setembro de 2010

Características da TDAH em jovens

Conheça as principais características da TDAH em jovens
Novo estudo destaca grande prejuízo na atenção em curto e em longo prazo

Uma nova pesquisa da Unifesp revelou o perfil de desempenho dos adolescentes brasileiros com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade). O estudo destaca três características que identificam este perfil: prejuízo nas atenções focada e sustentada e na vigilância. Os resultados podem ser aplicados para o desenvolvimento de novos tratamentos a fim de amenizar os sintomas.

De acordo com os pesquisadores, o tratamento com medicamentos não é a única alternativa para o controle da TDAH. "É possível o uso de treinos mentais (cognitivos) para melhora de desempenho da atenção como uma proposta de reabilitação e não como uma proposta de cura, pois o TDAH não é visto como uma doença, portanto não há uma cura", explica o pesquisador Thiago Strahler Rivero.
A partir dos resultados da pesquisa é possível estabelecer um tratamento direcionado que promova as melhores respostas de acordo com o perfil dos adolescentes. "O treino de atenção é individual. A partir de nossos estudos, desenvolvemos materiais de apoio para o grupo clínico como jogos de treinamento ou manuais de terapia", explica Mônica Miranda, coordenadora do núcleo de avaliação de neuropsicologia interdisciplinar do Centro Paulista de Neuropsicologia, parceiro da Unifesp no atendimento aos pacientes.

O estudo realizado com 490 adolescentes sem histórico de distúrbios. Dentro do grupo foram identificados e selecionados dois grupos de adolescentes entre 12 a 18 anos, 28 com TDAH e 28 considerados sadios.

Durante o processo, o desenvolvimento dos dois grupos foi avaliado através de um teste de desempenho (teste de desempenho contínuo do Conners). Durante o teste, foi aplicado um questionário que aponta 15 medidas de avaliação e que explorou a estatística fatorial deste desempenho, o que possibilitou a identificação dos três fatores que mais prejudicam adolescentes com TDAH.
O método do teste apresentava 360 letras, divididas em seis blocos distintos, que surgiam na tela do computador em intervalos de 1,2 ou 4 segundos. Para cada letra, o participante deveria reagir teclando caracteres pré-determinados.

Para Orlando Francisco Amodeo Bueno, chefe da disciplina de Memória do Departamento de Psicobiologia da Unifesp, a atenção focada está associada à capacidade do indivíduo em concentrar-se em uma atividade. Por outro lado, a atenção sustentada é a habilidade de manter-se na mesma atividade por um longo período. Já a vigilância é a aptidão de cada um em responder a situações não previsíveis.

O TDAH é um transtorno cada vez mais comum entre as pessoas. Atualmente, cerca de 5% das crianças e adolescentes do mundo sofrem com o problema que, embora apareça na infância, pode acompanhar o indivíduo até a fase adulta, agravando outros problemas e atrapalhando o desenvolvimento da vida pessoal e profissional.
Seus principais sintomas são a desatenção, inquietude e impulsividade. Entretanto é comumente associado com outros transtornos mentais e de desenvolvimento como o Transtorno de Aprendizagem, o que acaba dificultando a diferenciação entre as crianças que apresentam ou não o problema.

Além disso, falta de informação e falhas no diagnóstico são fatores importantes que refletem o quadro atual do transtorno, onde crianças que não apresentam TDAH são tratadas indevidamente, enquanto outras que têm o transtorno acabam ficando sem tratamento.

Os dados obtidos na pesquisa devem ser utilizados como suporte para outros estudos, bem como aos tratamentos oferecidos pelo Centro Paulista de Neuropsicologia, que envolvem desde terapias, treinos e atividades, até o acompanhamento adequado dos pais de jovens com o problema, para que estes possam reagir de maneira adequada às situações apresentadas pelo TDAH.
Tratamento na universidade
Adolescentes já diagnosticados com o transtorno já podem inscrever-se nos grupos de terapia associada a diferentes tipos de treinos. Neles, durante vinte semanas, quatro grupos de cinco pessoas participam de atividades variadas.

O projeto da Unifesp também está associado com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), que também já está com as inscrições abertas para novos grupos de adolescentes. Os resultados obtidos através dos estudos com os dois grupos servirão de apoio para apontar os impactos dos tratamentos propostos sobre a saúde dos participantes de cada atividade realizada.

Para inscrições no projeto de tratamento em São Paulo e informações sobre o projeto na Bahia entre em contato com o Centro Paulista de Neuropsicologia da Unifesp, localizado na Rua Embaú, 54, São Paulo (SP) ou pelos telefones: (11) 5549-6899 / 5549-8476
TDAH nos adolescentes
De acordo com a Neuropsiquiatra e psicoterapeuta Evelyn Vinocur, especialista do Minha Vida, o TDAH é responsável pelo comprometimento de atividades cerebrais responsáveis pela funções executivas do cérebro. "Mais especificamente, a região anterior do lobo frontal (região pré-frontal) é a responsável pelas funções executivas, que vão desde a capacidade do indivíduo planejar e desenvolver estratégias para a resolução de problemas à realização de metas de vida", explica a especialista.

A especialista ainda explica que a flexibilidade e o manejo de múltiplas fontes de informação podem ser alguns dos principais prejudicados pelo transtorno. "Praticamente, quase tudo na vida é função executiva. Estabelecer prioridades, estar motivado para iniciar o dia, planejar-se com antecedência para o dia seguinte, ter o autocontrole e auto-regulação das emoções, colocar suas idéias em uma lógica para que sejam bem sucedidas", diz Evelyn.

O que se sabe é que o amadurecimento das regiões cerebrais responsáveis pelas funções executivas só se completa por volta dos 20 anos de idade. O que excluiria crianças pequenas de terem problemas sérios relacionados ao transtorno, afinal sempre têm um adulto por perto para suprir tais funções executivas, supervisionando-as todo o tempo, por exemplo, lembrando-as da hora do banho, de estudar para a prova ou arrumar roupas e gavetas.
No entanto, a especialista revela que o problema pode aparecer sim entre os jovens. "O problema começa quando a criança portadora de TDAH (o TDAH cursa com comprometimento das funções executivas) cresce e passa a ser visto pelos pais como um pequeno adulto (o filho idealizado). Quem nunca ouviu um pai ou uma mãe dizendo que seu filho (ou filha) de 10, 12 ou 15 anos já está um rapaz, uma moça, que são muito responsáveis e que já se viram sozinhos pra tudo", explica Evelyn.

A adolescência é uma fase muito difícil, devido a suas transformações e barreiras a serem superadas. No entanto, muitos jovens podem não estar preparados para passar por isso. "Se os adolescentes de modo geral ainda precisam muito do apoio e suporte dos pais, mais ainda os adolescentes portadores de TDAH, que certamente apresentarão mais problemas acadêmicos e de socialização do que jovens da mesma idade, não portadores de TDAH", conclui a especialista.

terça-feira, 2 de março de 2010

Terremoto no Chile pode ter encurtado duração dos dias, diz Nasa

Ter, 02 Mar, 02h24

Washington, 2 mar (EFE).- O forte terremoto que atingiu o Chile no último fim de semana pode ter movido o eixo da Terra e encurtado a duração dos dias, segundo cientistas da Agência Espacial Americana (Nasa).

O pesquisador Richard Gross e seus colaboradores do Laboratório de Propulsão da Nasa avaliaram, com a ajuda de computadores, de que forma o abalo de 8,8 graus na escala Richter poderia ter alterado a rotação do planeta.

De acordo com o estudo, o tremor fez com que um dia na Terra passasse a ter 1,26 microssegundos - um microssegundo é a milionésima parte de um segundo - a menos.

Além disso, os cientistas chegaram à conclusão de que o eixo da Terra - sobre o qual a massa do planeta se mantém equilibrada e que é diferente do eixo norte-sul, de polo a polo - mudou em 2,7 milissegundos (cerca de oito centímetros).

Ainda segundo o cientista, o mesmo modelo de cálculo foi usado para fazer a mesma avaliação no caso do terremoto que atingiu a ilha de Sumatra (Indonésia) em 2004. Por causa daquele tremor de 9,1 graus na escala Richter, os dias foram reduzidos em 6,8 microsegundos, e o eixo do planeta sofreu redução de 2,32 milisegundos - cerca de 7 centímetros.

Gross afirmou que apesar do terremoto no Chile ter sido menor do que aquele, provocou mais alteração no eixo terrestre por ter ocorrido mais longe da linha do equador, e porque a falha geológica na qual aconteceu o terremoto chileno foi mais profunda e ocorreu em um ângulo ligeiramente mais acentuado do que a responsável pelo terremoto de Sumatra. EFE.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Número de mortos no terremoto no Chile chega a 147

Um terremoto no Chile de mais de 8 graus na escala Richter causou neste sábado pelo menos 147 mortes, segundo relatos iniciais das autoridades, e uma grande destruição no centro e no sul do País.

Às 03h36 deste sábado,ocorreu o tremor que, segundo os analistas, foi 50 vezes mais poderoso que o sismo do Haiti em 12 de janeiro. O número de mortes é bem menor porque o Chile é um país mais bem preparado para terremotos, devido ao seu extenso histórico de tragédias desse tipo.

O Instituto Geológico dos Estados Unidos atribuiu ao tremor uma magnitude de 8,8 graus na escala Richter e situou seu epicentro na região sulina de Bio-Bio, a 500 quilômetros de Santiago e a cerca de 90 quilômetros ao sudeste de Concepción, a capital regional.

No entanto, o Instituto Sismológico da Universidade do Chile disse que o tremor alcançou 8,3 graus na escala Richter e teve o epicentro no litoral, a 63 quilômetros ao sudoeste da cidade de Cauquenes, no limite entre as regiões do Bio-Bio e Maule, mais ao norte.

De acordo com os relatórios das autoridades chilenas, Maule, a 300 quilômetros de Santiago, foi a mais atingida. Também ocorreram mortes na região metropolitana de Santiago, O'Higgins, Bio-Bio, Araucania e Valparaíso.


A presidente Michelle Bachelet, que chegou ao Escritório Nacional de Emergência (Onemi) poucos minutos depois do terremoto, viajou a Maule antes do meio-dia, para ver de perto os efeitos do terreno na área.

Todo o território entre as regiões de Valparaíso e Araucania foi declarado em estado de catástrofe pelo Governo, que imediatamente começou a contabilizar os danos materiais, que incluem queda de pontes e passarelas nas estradas que ligam Santiago ao sul do país.

As autoridades recomendaram os chilenos a não viajar, salvo por extrema necessidade, enquanto as cidades atingidas, entre estas a capital, permanecem quase paralisadas.

Em Santiago, não está funcionando a ferrovia subterrânea e o transporte de superfície está bastante reduzido. O aeroporto internacional foi fechado devido alguns danos na torre de controle e no terminal de passageiros.

Em princípio, as autoridades informaram que o aeroporto estaria fechado por 24 horas. Mais tarde, no entanto, a medida foi estendida para 48 horas e fontes aeronáuticas não descartam uma nova prorrogação da paralisação.

Isso colocou em suspenso a realização do 5º Congresso da Língua, que deveria começar em Valparaíso na próxima terça-feira, com a participação dos Reis da Espanha.

O terremoto se estendeu por mais de 800 quilômetros da geografia chilena, com intensidades de até 9 graus na escala internacional de Mercalli, que vai de 1 a 12, segundo as autoridades. O tremor foi sentido também no Brasil, na Argentina, na Bolívia, no Paraguai e no Peru, sem registro de vítimas ou danos materiais.

Até as 12h, mais de 20 réplicas haviam sido registradas no Chile, com magnitude superior a 5 graus na escala Richter.

O tremor levou a maioria dos países do Pacífico a lançarem alertas de tsunamis, algo que a Marinha chilena descartou, apesar de alguns episódios de ressacas em algumas localidades. Austrália e Japão estão entre os que demonstram maior preocupação. No Havaí, o governo americano estima que uma grande onda de até dois metros chegue por volta das 18h20 (horário de Brasília) deste sábado.

No arquipélago de Juan Fernández, a 600 quilômetros do litoral chileno, uma onda de 7 metros atingiu uma localidade, onde aldeões disseram às emissoras de rádio que havia três desaparecidos. A Marinha chilena iniciou a evacuação de alguns setores da Ilha de Páscoa, localizada a 3.500 km da costa do Chile no Oceano Pacífico, devido ao risco de formação de ondas gigantes após o terremoto. Ondas consideráveis já danificaram algumas casas na localidade de Iloca, na região do Maule e na Ilha de Páscoa, apesar de esta ficar a 3,6 mil quilômetros da região afetada. As autoridades locais evacuaram Hanga Roa, o principal povoado do lugar e capital da ilha.

Apesar de estarem acostumados a viver sobre um solo agitado por uma média de 20 tremores diários, a maior parte imperceptível para a população, os chilenos seguem buscando uma resposta para estes fortes golpes da natureza. Uma delas é que o Chile está situado no "Anel de Fogo", uma das regiões mais sísmicas de todo o mundo.

Estatisticamente, a interação entre as placas tectônicas de Nasza e da América do Sul produz um sismo destruidor a cada 10 anos, uma média de 20 pequenos tremores diários e quase 4 mil movimentos sísmicos anuais, segundo o Instituto de Geofísica da Universidade do Chile.

A história sísmica do Chile remonta a 28 de outubro de 1562, quando 2 mil pessoas morreram na região de Concepción, a 520 quilômetros ao sul de Santiago. Desde então, o Chile sofreu 83 grandes terremotos, que nos últimos 50 anos causaram 40.265 vítimas mortais.

O último grande sismo que atingiu o norte do Chile ocorreu em 30 de julho de 1995, quando um terremoto de 7,8 graus na escala Richter sacudiu a cidade de Antofagasta, a 1.368 quilômetros de Santiago, com mortos, feridos e danos consideráveis.

Sáb, 27 Fev, 02h02